3.3.10

O menino bochechudo (parte 1)

Há muito tempo atrás, no ano 2050 d.C., quando a espécie humana habitava o subsolo, todos tinham medo de subir pra cima, por causa dos zumbis que haviam dominado a superfície desde 2012. Era uma noite de terça de verão de chuva de água, mas ninguém abria guarda-chuvas, porque estavam todos embaixo da terra. As famílias se reuniam em seus lares aconchegantes para assistir a mais uma eliminação do BBB narrada por Galvão Bueno (Pedro Bial virou zumbi).
- Mamãe, de que cor é o céu? – perguntou um menino bochechudo a sua mamãe.
- Agora não, porra! Agora mamãe tá torcendo pra Lia sair.
- Poxa, mamãe, por favor, me responde!
- Merda, a Cacau saiu! Tudo culpa sua, seu moleque bochechudo, vai pro seu quarto dormir.
Mas a curiosidade é uma puta. Uma puta que quer levar todas as economias do seu porquinho. Por isso, o menino bochechudo escavou pela janela de seu quarto (sim, as janelas davam pra terra) até a rua principal da cidade de onde morava.
À noite, as ruas eram menos iluminadas e cheias de bandidos e minhocas. Eca. O menino bochechudo andou sem rumo, decidido a encontrar uma resposta a sua pergunta. Havia um homem bigodudo usando boina encostando-se a um prédio na esquina fumando um cigarro e olhando fixamente num ângulo que fazia meio radiano com o horizonte.
- Moço – perguntou o menino, - de que cor é o céu?
Mas o homem bigodudo usando boina estava mais interessado em outras coisas. Uma bochecha daquela valia muito no mercado negro. Várias senhoras ricas pagariam fortunas para ter uma pele tão lisa e aveludada. O homem bigodudo usando boina tirou de sua jaqueta um canivete e andou lentamente em direção ao garoto.
O menino bochechudo correu como nunca, mas ele nunca tinha corrido muito mesmo. Aliás, ele era até meio gordinho porque não se exercitava. Mesmo assim, seu predador se aproximava cada vez mais em função do tempo t em segundos de acordo com a fórmula d = k/t onde d é a distância em metros e k é uma constante positiva.
Normalmente não nos preocuparíamos, pois por mais que saibamos que o limite de d quando t tende ao infinito é zero, sabemos que d nunca será nulo, a menos que o homem bigodudo usando boina esticasse o braço.
O menino bochechudo gritava e esperneava, mas ninguém o ouviria naquelas ruas desertas e escuras. O homem bigodudo usando boina estava vermelho de tanto esforço e acabou deixando sua boina cair, tornando-se apenas um homem bigodudo. Para sua sorte, seu cigarro continuava em sua boca.
Depois de muito esforço de ambas as partes, eles chegaram a um apartamento fedido e fedorento. As lâmpadas brilhavam fracas e piscavam como vaga-lumes no cio. Os móveis haviam passado da validade. A televisão era em 2D. A internet era discada.
- Agora va – disse o homem bigodudo, dando tapinhas leves nas bochechas suculentas de seu prisioneiro – mos remover essas belezuras.
Amarrou o garoto numa cadeira de dentista e colocou máscara, toca e luvas. Esterilizou suas ferramentas, porque era um bandido responsável, e aplicou a anestesia geral. O garoto apagou imediatamente.

(Clique aqui para não ler mais essa merda)

7 comentários:

  1. Excelente história. Estou esperando a parte 2.

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  2. Anônimo3.3.10

    Hahaha, estarei torcendo ansiosamente que o jovem bochechudo não perca suas belas bochechas lindas e sedutoras.

    Bjokas do Pedroka

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  3. Caramba, que história interessante ! ahuahauhau
    te amo, amigo

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  4. @Pedroka
    É só escolher a opção "Nome/URL" em "Comentar como" pra botar seu nome

    @Lulu
    Também te amo

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  5. Ricardo6.3.10

    Onde está a boina?

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  6. Ela é da cor do fundo, não percebeu?

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